A religiosidade representa para a
sociedade uma parte importante de suas atividades. Nas sociedades antigas a
função da política da religiosidade era integrada na sociedade. Isto significa
que não se via muita distância entre as manifestações religiosas e as outras
organizações sociais existentes.
Nas tradições religiosas dos
indígenas e de aborígenes australianos há esta integração. O que há de elemento
cultural está intimamente associada às manifestações religiosas e vice-versa.
As implicações que a política tem sobre esse tipo de sociedade influenciam
diretamente nas ideologias religiosas.
Na Idade Média as implicações da
ideologia religiosa sobre as questões políticas são marcantes. Para os
medievais Deus era o centro e a base para explicar tudo. Não havia ideias
diferentes sobre crença religiosa e o pensamento girava em torno do que
justificasse a único pensamento religioso da época, pensar nas coisas do mundo
identificadas com a existência de um Deus. Na Idade Moderna esse pensamento se
modificou e até se contrapôs ao pensamento medieval. O centro e a base já não é
mais Deus, mas o próprio homem. Os modernos pretendem separar a religião da
política. As ideologias religiosas passam a ser vistas separadas do mundo das
ciências e sua função política já não representam muita coisa no mundo
Ocidental.
No mundo atual, verifica-se uma
grande separação das coisas que são do mundo religioso do mundo político, mas
existe uma função política dos pensamentos religiosos. E qual será esta função?
Os pensamentos religiosos estão presentes nos campos da moral, dos
comportamentos, das artes e das decisões sobre com quem dialogar. Buda
(Sidharta) tomou uma decisão política importante que marcou o Budismo. Ele
decidiu sair dos palácios para se aproximar do outro, e mais especialmente do
sofrimento do outro. Jesus não queria o comércio no Templo e não aceitou como
os judeus queriam julgar os que estavam com fome e colhiam o trigo no dia de
Sábado para o seu próprio alimento. Deus queria que Moisés fosse libertar o
povo da escravidão. A sua aparição na Sarça ardente revela que Deus tinha um
plano para Moisés. No Candomblé, os Orixás encaminham respostas aos crentes
para a prática do bem e defesa da natureza. Os Pajés procuram orientações dos
espíritos para que tragam o bem para a aldeia e vivam em harmonia com a
natureza.
O posicionamento político desses
líderes religiosos revela que os pensamentos religiosos dirigidos para a
prática do bem podem exercer uma função política com significado expressivo.
Nesses casos as religiosidades estão sempre ao lado do “outro”, num diálogo com
os menos favorecidos – os pobres, os que tem fome, os encarcerados, a natureza
– e com a intenção de promover mudança social.
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