A sociedade brasileira se depara todos os dias com violência
na família, contra mulheres e crianças, no trânsito, nas drogas, nos meios de
comunicação, violência (ainda) da pobreza e da falta dos sonhos. Qual a solução
para tantas formas de violência? Há quem busque a paz?
Onde começa a paz? A pergunta nos direciona ao caminho do
raciocínio e a procura de meios, entre eles, o diálogo como instrumento para
isso. Ao destacarmos a importância do diálogo, abordando a questão dos direitos
que todos de ter ou não ter religião destacamos que o diálogo inter-religioso é
gerador do respeito à diversidade religiosa e grande estimulador da paz.
O Estado Brasileiro é Laico, significa que não deve haver
uma religião oficial e sim, o dever de garantir a liberdade religiosa. Essa
liberdade é um dos direitos fundamentais da humanidade como afirma a Declaração
Universal dos Direitos Humanos, de 1948. A liberdade religiosa é fundamental,
mas, ao mesmo tempo, tão desrespeitada. Ainda sim, percebe-se no mundo inteiro
que em vários momentos da história os líderes religiosos e espirituais se
reúnem para firmar compromisso pela Paz.
Direitos Humanos e Intolerância Religiosa: Diálogo
Inter-Religioso é Preciso
Os Direitos Humanos são direitos que visam defender os
valores mais preciosos da pessoa humana, ou seja, a solidariedade, a igualdade,
a fraternidade, a liberdade, a dignidade. Então, busca-se uma verdadeira
conscientização da sociedade de que os direitos humanos devem ser defendidos
independente de raça, cor, religião, orientação sexual, pois somos todos
diferentes, não existe ninguém igual!
No que
confere ao princípio da igualdade, sua essência está no respeito às diferenças
existentes, dando a todos, sem distinção, tratamento igual, pois acima de tudo
somos seres humanos onde precisamos resgatar a dignidade da pessoa humana.
O
dizem alguns documentos oficiais?
Afirma
a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, em seu Art. 5º e
inciso VI: “É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo
assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantia, na forma da lei,
a proteção aos locais de culto e suas liturgias” (BRASIL, 1988). E diante da
pluralidade, que foram constituídas por várias raças, culturas, religiões,
nossa formação enquanto brasileira e brasileiro nos permitem que sejamos
iguais, tendo cada um suas diferenças.
A
Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, no seu Art. XVIII assim
declara:
Toda pessoa tem o direito à liberdade de
pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de
religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo
ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente,
em público ou em particular (ONU, 1948).
Cada pessoa com a sua cultura têm o direito de professar a
religião bem como o modo próprio de pensar e de reverenciar sua divindade e
nesta compreensão cria-se a possibilidade de refletir de forma crítica sobre o exercício
da tolerância religiosa por meio do diálogo inter-religioso.
É perceptível o quanto se fala em tolerância religiosa
atualmente no Brasil. No contexto religioso a ideia de intolerância parte da
visão que muitas pessoas têm de que a sua religião é única autêntica, poderosa
e com essa visão não abre mão deste padrão e com isso não se dão a oportunidade
de conhecer outras culturas, outras religiões e isso muito contribui para a
falta de respeito com pessoas que professam religiões diferentes, outras cosmovisões.
O
Movimento Internacional pela paz
O Movimento Internacional pela Paz é uma iniciativa da
sociedade que se preocupa com a violência, a intolerância, principalmente a
religiosa. Vários estados brasileiros estão investindo na cultura de paz e desenvolvem
ações que promovem reflexão sobre atitudes pacificadoras possíveis de serem
seguidas por todos.
A paz pode estar relacionada ao conceito de guerra, mas não
é só, ela está para além da guerra. Paz deve ser compreendida como um processo
contínuo de vontade de mudança de hábitos, comportamentos, modo de viver que
promovam uma cultura da não intolerância, da não violência.
Brasileiros e brasileiras dos mais variados lugares e
independentemente de ideologias, religiões ou partido político se empenham para
a construção de uma cultura da paz que nasce em cada pessoa e depois como uma
onda se expande para as demais. Artistas, intelectuais, religiosos e outros
trabalham em prol desse objetivo que a título de exemplificação destaca-se o
cantor e compositor Nando Cordel e o palestrante Divaldo Franco.
Ensino
Religioso e a Cultura de Paz
O fenômeno religioso existe na sociedade, e a escola,
através do Ensino Religioso trabalha o conhecimento sobre esse fenômeno em sala
de aula na perspectiva de uma formação que favoreça a convivência e a paz entre
as pessoas que comungam diferentes crenças.
Esse ensino precisa considerar a compreensão
do fenômeno religioso presente nas diferentes tradições culturais religiosas e
o diálogo, o respeito e a compreensão dessa diversidade tornam-se
indispensável. Os que lecionam Ensino Religioso precisam ter o
cuidado de não utilizar o espaço público para privilegiar uma determinada
tradição cultural. Ensino
Religioso como disciplina deve promover o respeito entre os estudantes e incentivar
a convivência humana entre pessoas com convicção religiosas diferentes, com
pessoas que se denominam sem religião, ateias ou pertencentes a várias
religiões.
Considerações
finais:
Para se construir uma sociedade mais justa, mais
igualitária e que respeite os Direitos Humanos é fundamental, que cada um
comece por si mesmo a fazer um exercício de Paz Interior e exercite uma mudança
de atitude, de ações e valores além de comportamentos que visem à construção de
um mundo bem melhor de se viver, através da Paz Ambiental e Paz Social.
O Ensino Religioso é
fundamental para o estudante, pois o ajuda a lidar com os conflitos religiosos
existentes na sociedade, não os ignorando, nem os radicalizando, mas tenta-se
superá-los.