A história do Teatro de Bonecos é tão ancestral quanto a do próprio teatro tradicional. Esse tipo de teatro nasceu há muito tempo atrás, no Oriente, principalmente na China, na Índia, em Java e na Indonésia. Lá ele conquistou um status espiritual e era tratado com muita reverência. Os orientais consideravam estes bonecos como verdadeiros deuses, dotados de recursos fantásticos. Eles eram criados com tamanha perfeição que se tornavam idênticos aos seres vivos, muitas vezes inspirados realmente em personagens reais.
Esta arte desembarcou na Europa através dos negociantes,
logo se difundindo por todo o continente. Entre os gregos eles eram portadores
de tamanha ousadia, que muitas vezes eram usados como ferramentas para se
ironizar o Cristianismo. Os romanos herdaram este elemento cultural e muito contribuíram
para seu aprimoramento e consequente disseminação.
No universo ocidental, ao contrário
do Oriente, vê-se a razão humana tentando dialogar com o sagrado de forma
rudimentar. Na era medieval esta arte foi alvo de intolerância religiosa, pois
foi utilizado, nesta época, como um meio de evangelizar as pessoas. Ela era
normalmente exibida durante as feiras livres nos burgos.
Em terras americanas, o Teatro de
Bonecos chegou pelas mãos dos colonizadores, em meados do século XVI, na era
das grandes descobertas. Desta forma este movimento cultural aportou no Brasil,
mais uma vez como instrumento de doutrinação religiosa. Ele se consolidou no
Nordeste, fixando-se especialmente em Pernambuco, sendo batizado na Paraíba
como Babau. Através desta arte os artistas podem transmitir ao público sua
mensagem impregnada de temáticas sociais.
A graça do boneco está em sua
associação de movimento e sonoridade, o que encanta e seduz principalmente o
público infantil. O Teatro de Bonecos está sempre intimamente ligado ao entorno
histórico, cultural, social, político, econômico, religioso e educativo. Em
cada recanto do planeta, por conta da diversidade cultural, ele recebe um nome
distinto.
Na Itália encontra-se o Maceus,
posteriormente substituído pelo Polichinelo; na Turquia, o Karagoz; na Grécia,
as Atalanas; na Alemanha, o Kasper; na Rússia, o Petruska; em Java, o Wayang;
na Espanha, o Cristovam; na Inglaterra, o Punch; na França, o Guinhol; nos
Estados Unidos, o Mupptes; e no Brasil,
o Mamulengo.
O Teatro de Bonecos ganha existência
nos palcos por meio do movimento das mãos do ator que o manipula, narra as
histórias e transcende a realidade, metamorfoseando o real em momentos de magia
e sedução. Mas ele também tem um alto potencial educativo, podendo se converter
em poderoso instrumento nas mãos de um bom educador.
Teatro de bonecos no Brasil
No Brasil, os bonecos começaram a
ser utilizados em apresentações desde o século XVI. Na região Nordeste, o mamulengo, que tem suas origens
em Pernambuco, é muito popular com suas falas engraçadas e críticas.
DIVERSIDADE NAS TÉCNICAS
Existem diversos tipos de técnicas
utilizadas para o teatro de animação e a manipulação de bonecos no teatro,
entretanto as mais comuns e conhecidas são:
- LUVA-MAMULENGO: Mamulengo é o nome dado ao folguedo, manifestação direta e popular de Pernambuco. Luva é uma das vertentes da manipulação direta, já que o artista está diretamente ligado ao boneco.
- BONECOS HABITÁVEIS: Técnica na qual o manipulador veste o boneco.
- TÍTERES DE VARA: Variação de tradição chinesa, com utilização de maior número de varas em cada boneco, o que aumenta as possibilidades de movimento.
- BONECOS DE FIO: Técnica na qual o boneco é ligado por fios a um controle de madeira que permite ao manipulador movimentá-lo.
- ROBÓTICA: Bonecos manipulados com o uso de
tecnologia.
- MISTA: Associação de técnicas para a manipulação dos bonecos.